14.11.24

Dissimulação,

falsidade...:

MALDADE!


27.6.24

Vila Rica

 


Percorro tuas ruas tortas, 

teus caminhos sinuosos,

tuas muitas subidas 

e tuas muitas descidas também

(tudo é uma questão de ponto de vista!).


Subitamente, paro...

Um canto parece me convocar...

Seriam as litanias de outras épocas?

Seriam os espectros alphonsianos

a evocar Constancinha?

Paro, olho, nada vejo,

nada mais ouço...


Avisto o Itacolomi...

Tão perto...

Tão longe...

Tão soberano!


No Largo do Rosário, 

paro, olho, tudo vejo:

pedras seculares

(milenares, talvez),

a igreja imponente,

a beleza das construções...


No Ateliê Paulo Valadares, 

sou tomado pela contemplação:

o olhar do pintor

parece me mostrar

uma Vila Rica nova, 

ainda mais bonita!


Paro, olho, contemplo,

perco-me nas telas, 

encontro-me no mundo das imagens.



Junho de 2024.

15.1.24

BALADINHA

Voz vibrante, vivaz.

Beijo bacana demais.

Nos seus fios louros,

estão meus tesouros.


Na tez transpareces

a maciez que me emudece.

No abraço dado, apertado, 

faz-me teu refém, aprisionado.


Na partida, teu torto riso

atordoa-me, perco o siso.

Tens o dom de enganar,

Soubeste muito bem me enfeitiçar.


Luciano Byron 02/01/2016

METÁFORA

 Os olhos passeavam ávidos, 

buscavam um ponto de fixação...

Tateou cabelos, viu sedosidade,

aromas o prenderam (adocicados? acres?).

Continuou sua peregrinação...

Lábios observou: uns ressequidos

(partidos, feridos até!), 

outros umedecidos, brilhosos

(tubos transparentes, uma balinha

e alguns mililitros de algo

podem fazer excepcionalidades!).

Contemplou olhos: na reprodução ótica,

perdeu-se... Viu-se no azul,

mergulhou em âmagos,

navegou oceanos castanhos,

fixou-se, enfim, ao ver nos outros,

ao ver nos outros olhos

a reprodução do seu próprio olhar.


Luciano Byron

Maio/2016.

21.11.23

DESCASO

 O olhar do outro

que não me olha, 

que não me nota,

que me ignora, 

que me deixa...

7.7.23

Falta

 Falta alguém ali...


Vejo o sorrriso,

vejo os cabelos brancos,

vejo o corpo concreto.


Falta alguém ali...


Vejo uma cadeira vazia,

vejo uma casa não habitada,

vejo o vazio, a ausência.


Falta alguém ali,

mas haverá sempre alguém aqui,

no pensamento.

28.3.23

ESPELHO

 Quem é este,

parado aqui,

olhando-me sério?


Quem é este?

Olho-o, examino-o,

assusto-me.


Quem é este,

quão cansados os olhos,

quão seca a pele,

quão duros os cabelos,

quão grosseira a fisionomia...


Quem é este?


Quem é este?

Sou este!


Mas eu não era

assim: sério,

parado, 

cansado,

duro

e grosseiro...


Quem sou este?


19.12.22

A PARTIDA

À minha amiga Malu

 Tua infância, desconheço.

Chegaste já grande

para nossa família. 

Teu primeiro dia 

foi de fuga...

Correste tanto, 

mas tanto...

Pensei que jamais

alcançar-te-ia.

Fizeste a festa

logo na chegada.

Conquistaste todos:

Viraste o chamego,

a alegria da casa.

Adoeceste algumas vezes...

Derrubaste vasos,

rasgaste roupas,

latiste bastante...

Quando adoeceste,

ficamos abalados.

Vi a tristeza em teus olhos,

o lamento nos nossos.

Morreste sim,

mas tua lembrança permanece

viva, como brasa, em nós.

Descanse em Paz, minha amiga.

16.12.22

A MORTE

 Ela chegou sem avisar

(como sempre, aliás).

Trouxe dor,

perda,

choro,

medo...


Ela chegou sem avisar,

mas, ainda que avisasse, 

traria dor,

perda,

choro

e medo.

12.12.22

DESCASO

Não olha, 
não sorri mais,
não tem a cumplicidade
(outrora tão presente).

27.7.22

Rio Tocantins

 Água que escorre serena, 

sussuro suave e leve.


Água que lava e limpa os pés.


Água mole.

Pedra dura.

Água mole

por cima da pedra dura.

Água mole e pedra dura:

paisagem incomparável.


Água que parece infinda,

água da minha lembrança, 

água inesquecível.

23.2.22

DOR

 O desdém de alguém

é flecha que fura,

é chaga que amarga,

é pura agrura.



23-02-2022

9.12.21

Unos cuantos piquetitos


 Mulher, estás morta!

Sim! Completamente morta!

Teu corpo exposto,

pintado de um vermelho-vivo,

vermelho-sangue:

Estás toda flagelada

pela ação dele.


Justo ele... 

Ele que te teve.

Ele que recebeu teus beijos,

que te aceitou os afagos, 

que te arrebatou os sonhos...


Justo ele...

Deveria proteger,

deveria salvar,

deveria amar...


Agora, ele sorri:

Viva alma a escarnecer

do teu corpo jogado, ensanguentado.


E tu, ó mulher, exposta a todos, 

mostrada a todos

como se isso fosse banal!


Ó, mulher! 

Tu não serás esquecida!

25.8.21

DESENCANTO

 Gritos.

Irritação.

Desprezo.


...


Raiva.

Decepção.

Falsidade.


...


D

E

S

E

N

C

A

N

T

O!


JULHO/2021



3.3.21

Lamento

 

Esse silêncio sentenciado, 

essa garganta impedida de si:

sentimento amoroso morto.


O vermelho já não é tão rubro,

o hálito se tornou trivial,

a boca dos beijos

é a mesma boca dos lamentos 


As mãos que acariciavam, 

e os braços que abraçavam

hoje sofrem passivos

diante do amor que se foi.


Na lembrança, vivas cenas do passado

são lâminas afiadas, cortantes:

O amor que se foi

é uma eterna dor que ficou.


Luciano Byron

dezembro/2005


11.12.20

Luta crucial

A engenharia de um pássaro:
Ninho incomparável.

A perfeição de um bioma:
Equilíbrio essencial.

A simplicidade de uma criança:
Sentido sincero.

A construção de um poema:
Duelo vocabular.



Luciano Byron
11/12/2020

30.5.20

A rosa rosada

Como ser julgada tão bela
se feres os que te tocam?

Como ter essa cor tão viva
se quem te gerou tem cor trivial?

Como viver à sombra de árvores
se precisas de mais luz e calor do sol?

Como esquecer esta rosa tão bela,
tão viva e tão sensível?


11.5.20

Bandido

Eu fui baleado...
Tentei fugir, escapar...
Mas fui baleado...

Eu sabia que o crime
Não era uma boa saída
Para meus problemas financeiros...

Resolvi assaltar uma loja...

Ia roubar alguns reais...

Cheguei, gritei e peguei o dinheiro,
Mas o dono da loja me olhou,
Me olhou copiosamente,
Parecia querer me dizer algo...

Tive compaixão daquele homem,
Daquele homem trabalhador,
Daquele sobrevivente,
Daquela vítima de meu ato insano...

Foi tudo muito rápido...

Ouvi um tiro, vidraça quebrada,
Cacos nos chão,
Gritos e mais tiros...

Tentei correr,
Mas a bala perfurou
Minha barriga e sangre,
E caí meio tonto.

Tentei correr, mas fui baleado!

Enviaram-me num carro preto,
Daqueles de polícia especializada...

Quis gritar, mas não consegui.
Quis gritar, mas eles não ouviam...

Engasgado-me com sangue,
Vomitei sangue,
Clamei ajuda, mas não me ouviam.

Fui baleado...
Tentei fugi, mas me alegaram...
Estou partindo...

Um policial, tenta me alertar...

As vozes ficam longe...
Longe...       Longe...
L
O
N
G
E...

Eu morri.
Fui baleado e morri.

19.2.20

PENSAMENTO LEVE

Folha seca,
vento sopra
leva a leve
e fina folha.

Dança serena,
chuva molha,
cicia suave
e se esvai
o que era folha.

LUCIANO BYRON

16.12.19

O CANÁRIO


Voa, voa canarinho,
canta aqui e canta lá.
Seu canto bem bonitinho
há de tudo alegrar.

Canta baixo, canta alto:
o importante é cantar!
Ilumina nosso dia,
resgata o nosso sonhar.

Canta mesmo, canarinho,
teu encanto há de nos mudar:
sua forma de levar a vida,
pode nos sensibilizar.

Canta mesmo, pequenina ave,
transforma rancor em franco amor.
Canta aqui e canta lá,
sem ter nenhum temor.

E nesse canto tão alegre,
hei de inspirar o meu viver.
Vou sorrir e vou cantar
sem nenhum medo de sofrer.

Luciano Byron.
Outubro de 2010

10.7.19

Reverberação

À sombra do que sou,
ecoam vozes do que fui
(Alegre? Amargurado?
Amado? Solitário?
Indeciso? Inseguro?).

16/03/2016

27.6.19

Cobranças

Tento esquecê-las, mas elas estão aqui:
são dura dor a incomodar o pensamento,
são claro adubo para a ansiedade,
são fantasmas a me aterrorizarem.

10.1.19

"A recordação da felicidade já não é felicidade. A recordação da dor ainda é dor".

Lord Byron

0

Eu mesmo

Nada do que me disserem,
nada do que me propuserem
fará eu deixar de ser quem eu sou!

Um me olha de lado,
outro me desdenha face a face,
outro me entristece,
outro e mais outro me desagradam.

Sou sensível sim,
o que os outros têm com isso?
Em que  medida me torno um fardo
ao outro que nem me conhece direito?


Nada do me disserem,
nada do que me propuserem
fará eu deixar de ser que eu sou!
Mas a fala dos outros me fere
como lâmina duplamente cortante.

04/2012


A realidade nem sempre é
como os olhos veem.
À contemplação, segue-se
a inquietante interpretação.
O que se vê, subjetivado,
lateja como ferida purejante:
criam-se fatos nos indícios,
materializam-se conclusões efêmeras.
Nessa dor criada, ruminada,
o ser se enerva, perde a razão:
o que os olhos viram
não condiz
com o que as interpretações construíram.

11/2017

POEMA DE AULA

O babaçu passou na máquina
repetidas vezes,
reiteradas vezes,
cansativas vezes
até vencer o homem-máquina.

26/03/2011

A VIDA

O medo da morte.

SOM

Sou o som suave,
acalmando a alma.

Sou o som sereno,
aquietando o espírito.

Sou o som soturno
sentenciando sonoridade,
sinalizando novo ser.
São negros, estão sujos,
estão pobres, estão esquecidos:
irmãos bastardos, filhos renegados.

São negros, socialmente repudiados.

São negros, são pessoas:
aprendem desde cedo
a enfrentar dificuldade.

São negros, a sujeira burguesa
fê-los marginalizados, momentaneamente.

São negros, são puros,
são crias primas,
são o sumo do ser.

24/09/2011

26.12.18

BALADINHA

Voz vibrante, vivaz.
Beijo bacana demais.
Nos teus fios louros
estão meus tesouros.

Na tez transpareces
a maciez que me emudece.
No abraço dado, apertado,
faz-me teu refém, aprisionado.

Na partida, teu torto riso
atordoa-me, perco o siso.
Tens o dom de enganar.
Soubeste muito bem me enfeitiçar.

Luciano Byron
(02/01/2016)

5.11.18

Última caçada

Iria trazer algo para o jantar,
teria que ter sorte dessa vez. 

Chegou ao pequizeiro,
subiu, subiu, ficou imóvel,
escondido entre a folhagem.

Passou uma hora....
Passaram duas horas...
Mas o que são horas 
quando se deseja pegar uma caça?

Subitamente, na estrada
(o dia já amanhecia),
ouviu o barulho de bichos,
bichos pequenos se arrastando.

Tremeu. Uma frialdade sentiu.
Mirou na testa. Era uma macaca!
Viu uns macaquinhos ao redor dela,
um preso à cintura dela...

Mirou na testa, pensou em atirar...

Ao olhar para a macaca, 
ela colocou as mãos no peito, 
espremeu os peitos,
gesticulou, olhou para o caçador.

Hipnotizado, com imenso remorso,
sentindo-se o pior homem do mundo,
o homem não atirou, não matou nenhum animal.

Mirou o caminho de casa, 
mirou os bichos, desceu da árvore:
"Essa foi a minha última caçada".

Luciano Byron.

24.7.18

Palavras vazias

As palavras já não são tão fortes quanto antes...
Um "eu te amo" soa como um bom dia,
como um cumprimento assim sem sentimento,
como mero dizer obrigatório.

Sem emoção devida, palavras são apenas
dardos arremessados ao sabor do tempo...


INQUIETAÇÕES

Se disseste que me amas,
como podes esquecer o último beijo?
Como podes não se lembrar da boca
que beijou teus lábios?
Sem reconhecimento,
o amor vira apenas um instante.

18.10.17

DIÁRIO DE UM PROFESSOR XIII

Ultimamente, meu tempo ocioso anda ainda mais escasso. Trabalhar em três escolas não é muito fácil. Ministrar 54 aulas por semana é uma saga quase hebraica.
Mesmo assim, gosto do que faço e me sinto bem quando estou em ambiente escolar. A magia da sala de aula, os desafios de estar ali, na frente, sendo ouvido por alguns indivíduos me satisfaz.
Confesso que estou muito mais tranquilo depois que consegui concluir (ufa!) o mestrado na UFG. Foram dois anos muito puxados e de MUUUUUITO estresse. Mas, felizmente, terminei e sou Mestre em Estudos Literários pela UFG.
Como minhas preocupações não terminam, atordoa-me a chegada da prova do ENEM 2017. São tantas as incertezas que acabo contaminando muitos de meus alunos.
Não é fácil e nem quero que seja!
Ser professor é lutar diariamente para vencer tudo e todos.

17/10/2017.

IRMÃOS

Os olhos do outro,
a boca, os trejeitos,
as mãos, os lábios,
a pele, o semblante.

Sempre vejo no outro
aquilo que procuro.

22.6.17

Cicatriz

Tomou-me pelo pé,
possuiu-me sem alarde.
Chegou-se a mim sem bajulação
e logo me subiu pelas pernas.
O destino, lamentei desde o início,
era o coração, onde pouco tempo ficou.
Subiu à cabeça, ao cérebro,
ao centro do meu ser.
Deixou ignorância,
repugnância, não-aceitação.
Plantou a semente da discórdia
e se foi, como se nada acontecesse.

Eu, chateado e triste, fiquei.
Fiquei sem rumo,
perdi o sorriso,
ganhei esse vazio,
essa ânsia de não poder,
essa sensação de fraqueza
diante desse ser que me feriu.

7.9.16

PONTUAÇÃO

Isso é vida,
vida é isso.

Isso é vida?
Vida é isso?

Isso é vida;
vida é isso.

Isso é vida,
vida é isso;
isso é vida,
vida é isso.

Isso é vida?
Vida é isso?
Isso é vida?

Vida é isso!
Isso é vida!
Vida é isso!

Ritmo, cadência,
tudo girando em torno do
ISSO!

17.7.16

AMOR

Teu olhar
no meu olhar:
Puro amor!
Tuas mãos
nas minhas mãos:
Carinho sincero!

Teu sorriso
e meu sorriso:
Alegria eterna!
Teu amor,
nosso amor:
ETERNO!

Julho de 2016.

2.7.16

DESABAFO

Tentei não te magoar,
não me desiludi,
deixei para lá.

Tentei não chorar, fingi
que estava tudo bem,
um dissimulado riso sorri.

Mas me trataste com desdém,
ignoraste minha sinceridade,
fui para ti apenas mais um alguém.

Hoje, sem ter como dizer a verdade,
resta-me o lamentar, o sofrer,
ficar remoendo a passada realidade.

Sem ter como prever,
fui deveras afetado pelo teu egoísmo,
teu narcisismo não consegui conter.

E, se neste meu ceticismo
perco os meus dias,
é por acreditar no teu impossível mutacionismo!

20.3.16

Solidão

Esse vento gélido,
essa noite apática;
o mundo a descobrir
e o tédio a me corroer.
Quero amar, amar sem medida,
amar no sentido literal,
amar o tudo no nada!
Hoje, porém, negras cinzas,
escuridão, sombras,
tudo me parece trevas!
Há um buraco, um quase caos;
ecos da partida,
ecos da lembrança,
ecos das desgraças passadas.
Falta o tudo,
sobra o nada
neste mosaico de desprezo.

Ferimento

Rasgou-se a pele...
Carnes rubras, dor...
Semicírculo branco,
branco, branc...
branc, vermelho,
branc, vermelho,
bran, vermelho,
br, vermelho,
VERMELHO.

Ardência, vasos sanguíneos.
Oxigênio, endurecimento.
Uma casca mole...
Endurecimento...
Pedras de recifes, casca:
Regeneração.

25/10/2012
A estrela se aproximou da lua,
a lua não gostou, fez-se minguante.

A estrela ganhou destaque,
parecia cintilar mais,
parecia crescer mais,
mas a lua não gostou, fez-se indolente.

A estrela foi vista no céu,
apontaram para ela,
cogitaram a sua queda
(disso a lua gostou!).

12/09/2000

As palavras surgiram assim serenas.
Os lábios pronunciaram
o que já na abstração existia.
Um simples sonho,
paixão iniciada.
Confissão: "Sonhei contigo".
Então, rosto e mão:
Unidade singular de uma carícia.
Partem... Vão embora
os impedimentos de outrora.
Na irrealidade do sonho,
fez-se a materialidade de um amor.

21/05/2013.

Sem você

Sem você,
o mundo é sem graça,
a dor de amor não passa.!

Sem você,
a noite é uma eternidade,
a vida se perde em futilidades.

Sem você,
a pétala sua, desidrata,
a lua escurece, não é de prata.

Sem você,
a razão vira agonia!
Então volte, ó poesia!

(02/09/2009)
A árvore cinquentenária
é o pouso ao moribundo.
Sujo, mescla-se à escória:
é papel sem valor
(logo pensam).
O poeta, porém,
transeunte por essência,
reconhece-se no mendigo.
São seres marginais,
marginais em sua integridade,
marginais em suas existências.

(08/09/2009)

20.10.15

Diário de um Professor XII

Nesta semana, pareço carregar o mundo em minhas costas. É a semana da prova do ENEM e os alunos precisam sair bem nessa prova. Vamos ver no que dá isso...

28.7.15

Lembrança

Suaves sons emitiram,
delicadas carícias trocaram:
estavam amantes.

Mudez inicial desaparece
(são desnecessárias as palavras):
beijam-se rapidamente.

Rubra cor lhes cobre a face:
temem, rememoram, ocultam...

Na tentativa de ocultar, 
mais viva tornam a lembrança:
eternizam o instante!

22.1.15

DIÁRIO DE UM PROFESSOR XI

Há quanto tempo não escrevo aqui... Já havia até me esquecido de como é bom deixar registrada a minha difícil tarefa de existir em um meio onde há o "esfriamento das relações interpessoais".
O ano começou agitadíssimo. Aliás, este ano será bem diferente em minha vida. Como resolvi cursar o mestrado, tive de abdicar de algumas das minhas aulas para que conseguisse ter uma boa performance na vida acadêmica. Porém, deixar algumas aulas é também deixar algum dinheiro de lado. Mas, vou me virando e tentando resolver tudo da melhor forma possível.
Na semana passada, saiu o resultado de um exame seletivo para que os alunos ingressem em faculdades pelo país todo. Para minha alegria (e penso que para a dos discentes também), muitos se saíram muito bem na redação. Destaco uma aluna do 1º ano que tirou 980... Isso agora me enche de ainda mais responsabilidades, mas delas não fujo!
Hoje, ainda não sei bem como ficarão meus horários de aulas... Sei que durante dois dias não estarei em casa (o mestrado fica em outra cidade) e que nos outros dias minha carga horária é cheia.
Que Deus me dê forças para continuar e saúde para trabalhar...

3.1.15

VIDA (DIVA)

O corpo belo
(adequado).
O nome trivial
(aceitável, apenas).

No sorriso, oculta,
oculta a clareza
que a faz sublime.

Se do pensamento
a tua imagem me foge,
recorro às palavras.
Aí te mostras dócil:
meneias o manjar divino.

Na pronúncia do teu nome,
perco-me em melodias:
som sereno se associa ao ser
(és eterna em tua efemeridade).

Sem saber, parodio enredos:
o amor que nos aproxima
é o mesmo que nos afasta.

Afastamo-nos da vida real!

04-06-2014

11.7.14

PESO

Ser contado entre os que vencem:
pesada carga a carregar
(acúmulo de expectativas
depositadas/impostas)
rumo a lugar algum.

                           25/11/2013

3.7.14

Constatações

O acúmulo de lembranças confunde:
Há momentos,
mas corpo não há mais;
há essa dor,
mas a ferida já não incomoda...

O acúmulo de lembranças é a pedra,
a pedra que mostra o nosso grau de humanidade.

27.12.13

Palavras

As palavras eram só palavras,
mas deram-lhes vida,
deram-lhes significado real,
conjecturaram, inferiram,
divulgaram, alardearam,
explicitaram o que nem
no implícito estava!

Malditas palavras!
Saíram do dedo
e mesmo assim se encorparam,
criaram o que não criei,
construíram o que não projetei.
Geraram esta inquietação,
levantaram um muro
afastando quem estava próximo
(de fato).

São malditas as palavras,
mas não hei de deixá-las!

02/06/2011

26.12.13

Ano Novo

Esperar mais um ano chegar
é como esperar uma vitrine de estranhezas.
Pensa-se num novo emprego
(que talvez nunca se consiga),
pensa-se numa nova namorada
(que talvez nem seja tão nova assim),
pensa-se em uma nova vida
(tão velha de antigos desejos).

Esperar mais um ano chegar
é uma forma de fugir do hoje
sem deixar que o futuro
traga de fato apenas novidades.

14.12.13

O canário

Canta canário, não para de cantar.
Com teu canto, em cada canto,
encanta quem na vida
aprendeu a amar.



10.11.13

Reféns

Vivemos o tempo dos homens sem tempo,
o tempo dos desiludidos em massa,
o tempo da procura pelo nada, 
o tempo em que querem chegar
sem ao menos terem saído!

Vivemos o tempo das células-tronco,
o tempo do progresso e do retrocesso,
o tempo da paz que é gerada pela guerra,
o tempo em que ter vale mais que ser,
pois mais vale a "cédula-tronco".

Vivemos o tempo
(ou ele nos vive?)
em que nada mais podemos fazer.

O tempo do futuro sem presente.

O tempo dos que têm sede de si mesmos!

Vivemos o tempo do tempo
(não o nosso).

13.10.13

Banalidades

Ela chega devagar,
como quem nada quer.

Ela me provoca, seduz,
ilude e foge...

Dor

Fel
fatos
final.

Lamúrios
lamentos
leniência (?).

(Re) Viver
(Re) tomar
(Re) alimentar?

18.7.13

Professor em férias

Há uma praia, às margens do Rio Tocantins.
Ali, em meio aos hedonistas,
refugio-me para descansar.

Meio estranho, meio deslocado,
ouço uma música de fraca letra
(uma tal de "Vai no cavalinho...").

Tento fugir, tento correr,
mas estou em férias. 

Tento me distrair, 
tento me divertir,
mas percebo que um professor em férias
é sempre um professor (crítico e cético).

9.7.13

Musa Fujona

Era um lugar público.
Havia pessoas em seus afazeres carnais,
hedonistas até!

Olhei meio duvidoso...
Olhei por um lado, mergulhei...
Olhei mais de perto, mergulhei...
Fui, voltei....

Não havia dúvida: vi Gabriel Nascentes
(pensei num átimo).

Aproximei-me, conversamos,
ele discorreu sobre a sua obra
e estava com uma filósofa.

Conversamos, trocamos e-mails,
fui-me dali.

Ao sair, ainda o ouvi gritando
(para a moça que estava ao seu lado):
- Não se vá, Musa Fujona!

31.5.13

Aliterações *

Breve boom,
bate-boca,
boa brisa:
sons suaves e sinceros.

Bate porta,cai café,
roda rangendo:
tortos tons tecidos.

Gordo grito,
pretos pios,
voz vincada:
sonora sina soada.

25/04/2013
* Título alterado após uma sugestão de um leitor.

A pena



A pena a planar perene...

Na suavidade de seus passivos movimentos,
ela é conduzida para cá,
para lá, para aqui,
para acolá e ali.

Sua rota sem rumo
experimenta a liberdade.

Tensão...

Gota cai ali, cai acolá,
cai ali, acolá
e aqui.

Pequenos pingos:
pena pesada.

O chão e o esquecimento
e a letargia...

30.5.13

Contemplação

tela Soltando Balão (Aírton das Neves)


É noite.

A igrejinha ao fundo pode ser a prova:
há festa de São João,
há um festejo religioso.

Crianças, ao centro,
brincam com um balão
(tão proibido hoje).

Um homem chega a cavalo,
outro homem chega a pé (com familiares -
três filhos e a esposa, talvez).

A paisagem parece serena;
a vila, aconchegante.

Sinto paz!



25.5.13

A importância da moela

Não raro, lembro-me do tempo em que ainda cursava Letras. Tempos difíceis, mas nem por isso menos saudosos...
Ainda agorinha, recordei-me dos almoços em que degustava moelas de frango. Tarefa árdua era cozinhá-las!Eu, na minha singela escassez monetária, não tinha nem uma (ou nenhuma mesmo) panela de pressão. Haja cozimento para tão dura peça da anatomia "franguiana". Aquele cheirinho de caldo de frango, que usava para imaginar o sabor de toda a citada ave, dá-me até hoje uma salivação extrema.
Aliás, não entendo porque as pessoas preferem outras partes do frango à suculenta moela.
Viva a moela que a tantos universitários alimenta!
Santa moela!

28.4.13

A linguística das sensações



As palavras exalaram um cheiro estranho:
odores fétidos a consumarem o mal.

Há pouco, o perfume criava
lindas e belas imagens.
Agora, o olfato se inquieta
com a lembrança do aroma.

As palavras, mais uma vez,
destruíram os períodos compostos:
volta-se, então, aos períodos simples,
às frases absolutas.

23.4.13

Estranhamento



Começo sozinho.
Logo, porém, alguns aparecem.

Não estou só!
Somos dois, três,
muitos, talvez.

Percebo que não estou só,
mas me desespero:
Terão mais força do que eu?
Chegarão ao destino?
Deixar-me-ão para trás?

Não estou só,
infelizmente.

Prossigo o jogo, então...

Há esperança de chegada.