15.10.11

Abandono (in) humano

A fria calçada se assemelha sim
a um túmulo às escancaras.
O rapaz jovem, a roupa esfarrapada,
a planta dos pés encardida,
a bermuda xadrez e furada.
Moscas o sobrevoam.
Estaria morto?
Seria mesmo um alguém?
Ninguém sabe, ninguém o vê.
Os humanos, em seus egoísmos,
ignoram o irmão que jaz,
jaz ainda que tenha vida!

12.10.11

Melodia


Percorre as cordas do violão,
aquece as cordas vocálicas.
A música cantada não é nova,
não é dela, não empolga...

Refaz-se a posição...
Violão firmado, tom sintonizado.

A música cantada não é nova,
não é dela, mas empolga.

Olhos fechados.
No pescoço, as cordas dilatadas
e o suave som soprado.

Há cadência nas batidas,
há vida nas palavras,
há música mesmo afinal.

No compasso ritmado,
o poeta se esvai...
Mas a música não é nova,
é dele, é trova.

17/02/2011