1.12.12

DIÁRIO DE UM PROFESSOR X

Que loucura! Tanta coisa a fazer e tão pouco tempo para executar as obrigações mais simples. Ontem mesmo, durante o almoço, notei que eu nem mesmo sentia o gosto da comida. Engolia como se engole uma saliva: a sensação de "é preciso fazer tudo muito rápido" chegara até os meus hábitos mais simples.
Hoje foi um dia um pouco mais tranquilo. Nas minhas turmas do noturno, os alunos andam bem escassos, talvez reflexo do fim de ano. Nas turmas diurnas, há falta também, mas alguns ainda querem posições melhores no vestibular (e isso muito me empolga e anima!).
Aliás, em algumas aulas hoje fiz uma intensa reflexão com meus alunos. Notei que eles precisavam retomar o caminho da vitória. Vi algumas lágrimas e, ao fim, senti-me feliz por ter suscitado neles um análise do que realmente importa para a nossa vida.
No decorrer desta semana, andei meio triste, cabisbaixo. Há palavras que nos dizem que parecem ser dissolvidas lentamente. Machucam. São sodas cáusticas colocadas em nossa carne. Corroem, fazem sangrar, incomodam... Mesmo assim, preciso prosseguir.
Um convite de trabalho muito me alegrou e confirma que continuo no caminho certo (graças a Deus!).
Que dias ainda melhores possam vir!

28.11.12

Decepção

As palavras saíram letais,
ditas meio sem rodeios,
ditas com a intenção de ferir!

Chorei...

Resignei-me, iludi-me
com alguém que se dizia
"preocupada comigo".

Não comentei nada,
não retruquei nada!
As palavras foram ditas
com a intenção de ferir!

Chorei.

17.11.12

O monstro

Uivos, latidos, gemidos...
Talvez seja tudo isso junto.
Um cão parece pedir socorro...
Ouvem-se chicotadas,
sensação de dor,
latidos incessantes...
Chicotada aqui, chicotada acolá,
chicotada abafada, chicotada certeira...
O cão, sem ação, olhar meio vidrado,
olha para o dono.
O cão não entende, não compreende
a animalização do Homem.

A casa amarela

O lugar é o mesmo,
a casa é a mesma,
as lembranças também.

O cheiro da relva verde,
o cachorro que late altissonante,
o porco triturando um milho roxo...

As lembranças permanecem,
mas na casa não há mais o pai,
a madrasta, os irmãos...

Onde está o caseiro? Morreu!
E a represa onde havia uma jangada?
A represa secou, a jangada se quebrou.

A casa amarela é a mesma...
As lembranças se perpetuaram.

A casa amarela é o passado,
é o presente e será o futuro
de uma lembrança eternamente pretérita.

10.11.12

Diário de um professor...

Os dias não têm sido como eu queria que fossem. Mesmo assim, resta o continuar caminhando...
Minhas duas últimas semanas não foram das mais tranquilas. Quanta coisa a fazer em tão pouco tempo! Quantas pessoas precisando de mim, quantas provas a elaborar, exercícios a resolver, sorrisos a provocar, testas a enrugar... Sim, vivo dos paradoxos. Isso, talvez, pode até ser o que me move. Aliás, se não fossem tais desafios (unir o heterogêneo), não haveria motivos para que eu lutasse tanto. Uns entendem a mensagem que emito, outros preferem ignorá-la. Juntar os opostos, unir o que não se uniria nunca. Fardo pesado para quem é só um em meio a tantos trilhões de laços a desatar.
Sinto falta de algumas pessoas que já alçaram voo. Sinto falta de alguns "alunos-amigos". Vez ou outra, uma mensagem me surpreende. Um SMS meio saudoso, porém, não aplaca a saudade.
Nestes últimos dias, várias são as pessoas que andam bem próximas a mim. Novos alunos, novos discípulos a me ajudarem. Eles me fazem sorrir, mostrando-me que preciso continuar. Eles me mostram o quanto minha profissão é mesmo importante para tentar mudar as coisas ao meu redor.
Agora, uma nova esperança é configurada. O ano letivo termina e as esperanças começam a se renovar.
Aguardar, aguardar e guardar as forças para a  última corrida.

14.10.12

A morte de um cão

Pronunciam-se pífias palavras,
chuta-se, bate-se, escarnece-se...

 O pequeno animal irracional, caído,
geme, uiva, sofre a irracionalidade
 do dono que se diz humano.

 Pequenas gotículas vermelhas,
pequenos pontos rubros brotam no focinho
 e escorrem, escorrem,
e
 s
c
o
 r
r
 e
 m
pelo ouvido, focinho e boca...

 Um último respirar: um adeus a este mundo,
 um "você não devia ter feito isso",
 um latido de incompreensão
 diante da ação do seu "dono".

3.9.12

(Re)Ação

Dor, maldita dor!
Não és física, pois atormenta o pensar...
Não és solucionável, visto que és abstrata...
És dor e nisso se sustenta.

Aceitar-te é não agir,
é querer dar o tudo a quem nada merece.

Dor, hás de passar, hás de ser breve.

Analgesias, várias, então, perpassam a alma!

19.7.12

Aprendizado

Na praça,
aprendeu a amar,
aprendeu a beijar,
aprendeu a sonhar,
aprendeu a aprender.

Na praça,
viu traições,
vislumbrou corrupções,
visualizou assassinatos,
viu o mundo todo confuso.

Na praça,
notou que não valia a pena viver,
chorou, implorou,
pediu a mão da amada e
descobriu que nada na vida
é mesmo do jeito que passa
na televisão da praça.

16.7.12

Descabida realidade

Os abraços se foram,
as promessas minguaram,
os corpos se afastaram.

Se o amor se diz eterno,
como morre tão secamente?

Essa realidade descabida
frustra quem intenta
viver o que não existe.

9.7.12

Brasília

Lembranças em lampejos...
Uma farda, um nome,
um candidato a ser nada...

Há sonhos, há planos:
todos desfeitos pelo optar!

Vivas, as feridas doem.
O poeta sofre e geme
e treme e chora, então.

1.7.12

REVIRAVOLTA

Rudes momentos...

Tormentos mil voltaram
e incomodaram,
e magoaram,
e irritaram
e...

24.6.12

Ruralidades

Amarrado e subestimado...
Uma picada, um salto...
Uma picada, um salto,
uma picada! Um salto e um berro...

Várias picadas, um salto,
um berro e um gemido.

Sangue, sangue...
Pulos, picada, picada,
picadas...

Bicho se fez, então,
quem se dizia humano.

9.6.12

Passado incômodo

O sabor dos beijos,
o apetecer dos corpos,
o apertado abraço...

Como dói ter apenas lembranças
de um passado que teima,
teima em não ficar no antes.

26.5.12

(des) esperança


As esperanças voltaram...

Um olhar, uma frase,
alguns versos...

A capacidade de sonhar voltou
e em concretos momentos.

21.5.12

Anestesia


Os olhos não disseram,
os lábios não viram,
os ouvidos não sentiram...

De fato, as entrelinhas
(às avessas)
confundem os sentidos
dos que se dizem amantes.

Descoberta


Este sorriso veterano,
estas rugas a tornar marcada a face...

O Homem definitivamente caminha
ao encontro da morte.

13.5.12

No tempo do antes


No meu tempo, ao soluçar uma criança, colocávamos uma linha vermelha em sua testa (não sei bem qual era o milagre rubro!). No meu tempo de criança, não se poderia, jamais, em hipótese alguma, questionar a fala de um adulto. No meu tempo de adolescente, sair não podia, estudar é o que se devia fazer e, aos domingos, ir à missa sempre com a família. No meu tempo de adulto, vejam só, tudo mudou e eu, criança-adolescente, perdido no túnel do tempo, esqueci que o meu tempo e e sempre será o tempo de se esperar o respeito ao passado.

6.5.12

Indignações


As cenas são muitas
incomodam, inquietam...
O que fazer se as lembranças
são o norte motivador
daqueles que a cultivam?
O que fazer quando no pensar
reside o maior mundo do poeta?

1.5.12

Inseticida

O gafanhoto estava lá, parado, parecendo vigiar alguém. Veio o Homem, deu-lhe uma chinelada: a morte ainda não veio para bichinho. Múltiplas chineladas: verdadeiras metralhadas. O esverdeado ser finalmente pereceu, alegrando o pífio ser humano. Os marimbondos estavam lá, em grupo, no coqueiro... Veio o mesmo Homem, ateou-lhe fogo: pequenos pingos pretos caíram incendiados. Sem defesa, os invertebrados feneceram e se juntaram ao gafanhoto (e a outros tantos animaizinhos) no cemitério do além, onde certamente não haverá a maldade humana.

28.4.12

Ressentimento

As cenas se repetem, os gestos são os mesmos: as atitudes também! Uma vida de labor, momentos de temor, dúvidas cruciais... A dor é a gênese do que precisava ser escrito, do que deve ser escrito! Sem norte, ruma o poeta a algum lugar ermo...

6.4.12

Banquete

A vida perdida em minúsculos anseios;
em grandiosos problemas se embaraça
o já malfadado coração!

A sina continua:
o cardápio de tristezas
parece infinito!

1.4.12

Desânimo

As esperança de um novo dia
trazem junto as frustrações
do que ainda não foi resolvido.

O menino que não queria pescar (a narrativa que gerou o livro)

Ele ainda dormia o seu vespertino sono quando o pai o acordou.
Costumeiramente, seu Albino convidava o filho para pescar. Até aquele instante, a criança jamais quisera ir. No entanto, após reiterada insistência dos amigos, o velho pai resolveu que daquele dia não passava: o menino iria aprender a pescar hoje!
Ainda meio sonolento, a criança foi conduzida até a parte atrás do tanque da cozinha, onde havia uma terra permanente irrigada pela água que escorria da pia. A água suja de sabão, com seus pequenos grãos de arroz ainda mais dilatados e algumas peles de feijão... Essa sujeira não incomodava as minhocas que por ali faziam morada.
Com um enxadão, o pai subia e descia (como um pêndulo da morte) o objeto a fim de retirar da terra alguns futuros petiscos para o peixe. Uma das minhocas foi partida ao meio, deixando escorrer um líquido meio amarelo-avermelhado. Ao olhar para a loca então feita, o menino ainda viu o anelídeo se contorcendo todo após a fragmentação. Subitamente, o menino tremeu e soltou um grito de espanto. O pai se assustou e nem teve tempo de brigar com a criança, visto que ela já percorria o caminho de volta à precária casa em que morava com os pais.
Chegando à velha choça, o Ditinho não conteve as lágrimas e a mãe logo notou que algo errado havia. Prontamente, ofereceu colo ao garoto. Este se contorcia, remoendo o minhococídio que acabara de vislumbrar.
Não demorou muito, o pai chegou bravio e altivo. Gritava e berrava. Nenhum animal da pequena propriedade ousava ter sons mais altos que o Seu Albino. Ele gritava e todos obedeciam.
- É hoje que esse menino toma tipo de homem!
Protegido pela mãe, Ditinho parecia confiar que esta intercedesse por ele. Porém, o pai fora mais ágil e já o batia com um cinto de couro cru. Não adiantava chorar, os estalos do cinto pareciam se multiplicar a cada grito do menino. Uma cena dantesca se fez e até Dona Vicentina, que tentara impedir o marido de maltratar o filho, acabou sendo atingida pela fúria do marido (este lhe deu um empurrão, o que a fez cair em cima do velho fogão a lenha).
Passada a ira, acocorou-se sobre os calcanhares e cortou o seu costumeiro fumo.
- Menino do diabo! Onde já se viu... Não criei filho homem para ser mocinha não! Vai pescar sim, nem que seja a última coisa que eu faça na vida. Diacho...
Ouvindo isso, o menino viu as vistas escurecerem e tombou entre rodopios mentais.

24.3.12

O sim

Tanto tento amar
que, tonto, amo tanto.

DIÁRIO DE UM PROFESSOR VIII

Literalmente, o tempo passa. Para todos impreterivelmente, o tempo passa como um raio! Imperceptível a uns (mais dados à displicência), muito azedo a outros (que a cada segundo transcorrido se sentem com um pé no mundo de lá). Não posso dizer que estou alheio à efemeridade, mas não sou tão apegado a essas questões. Mesmo assim, impressiona-me a quantidade cada vez maior de alunos que são filhos de ex-alunos meus. É como se uma geração passasse e eu já estivesse na outra geração (eles passaram e eu fiquei!). Fico pensando como será quando a geração dos netos dos meus primeiros alunos começar a me povoar a sala!...
As aulas andam meio ainda oscilantes. Mas logo tudo se encaixa dentro dos meus propósitos...
Ultimamente, tenho vivido alguns ataques de professores concorrentes (que se acham superiores aos colegas de trabalho). Como "macaco velho não mete a mão em cumbuca", não revido as ofensas e tenho trabalhado dobrado para dar a meus alunos deste ano o que nunca dei aos meus pupilos anteriores: o melhor do melhor de mim!
Nesta semana, algumas falas me chamaram a atenção. Trabalhando alguns poemas em sala de aula, vi o deslumbramento de meus alunos com relação à capacidade linguística de Chico Buarque. Penso até que alguns buscaram músicas do citado cantor/autor quando em casa chegaram. É isso que me motiva a trabalhar mais: a gana pelo conhecimento compartilhado. Um dos alunos até disse: "Esse Chico é mesmo fera!". Pronto, ganhei a semana!
Por outro lado, ontem à noite, em trocas de SMS com uma ex-aluna, li uma frase que não gostei: "Ninguém te conhece aqui em Goiânia". Ela não disse por mal e talvez a frase tenha ganhado tons mais dramáticos pela minha extrema capacidade de interpretação. Mesmo assim, senti-me incomodado. Vi que talvez os tais professores não saibam quem eu sou. Também nem os conheço! São professores ou educadores? Talvez não saibam que a nota de meus alunos está entre as mais altas do Estado, no quesito Redação. Porém, vamos fazer de conta que não me ofendi...
Hoje é sábado e o descanso me chama. Vou ler, montar aulas, corrigir redações.
As expectativas crescem e a responsabilidade aumenta.
Preciso estar atento a tudo.

11.3.12

Diário de um professor VII

Já faz alguns dias que não escrevo aqui. Desculpas, tenho muitas! Porém, o que não me deixou escrever foi mesmo a falta de tempo. E que falta de tempo! Desdobrar-se em muitos não tem sido fácil.
Em um de meus serviços, estamos em greve. Nada anormal para os outros, mas não para mim que jamais - até então - havia pensado em entrar em greve por melhorias salariais. Agora é esperar e ver os desdobramentos disso.
Nesses dias em que estive ausente, diário, aconteceram muitos vieses maravilhosos. Descobri boas pérolas a serem moldadas, comemorei meu aniversário, dei muitas aulas inesquecíveis... Ser professor é ser surpreendido a cada nova aula. Há exatamente dez dias, dei duas aulas maravilhosamente profícuas. No semblante dos alunos eu percebia isso!
Nova semana, novos ideais...
O que me espera nesta semana que, sei , será tão abençoada?

9.3.12

À mulher

A leveza natural,
a companhia ideal:
ser simples e fatal.

5.3.12

O pequeno grão

Rola, rola, rola...
Ínfimo, só o resta cair nos olhos
daquele que um dia foi rei.

Rola, rola, rola...
Umedecido, o grão de areia
já não é mais tão concreto assim.

28.2.12

Reminiscências

Pensamentos levianos,
ações impensadas,
flashback de cenas
a popular a mente.

23.2.12

Lentidão ou cansaço

Lentidão ou cansaço?
Não sei!
A apatia que me cerca,
o desânimo que me incomoda
não seria um braço do cansaço?

Animar-se é lutar contra quem
está dentro de cada um de nós,
é vencer o inimigo invisível
na visibilidade de seus atos.

22.2.12

Evanescência poética

Você mentiu quando falou em amor,
você fingiu que sentia o calor,
o fogo dos que de fato se amam.

Você inventou frases,
omitiu crases,
fugiu e dissimulou.

Você é como tantas luas,
como tantas mulheres nuas,
você é mesmo assim
(e não tem jeito!).

Você vem, vai, vem, vai...
some repentinamente, levanta, cai...
Você é mesmo estranha, ó inspiração poética.

21.2.12

Sibila

Quando eu partir desta vida,
acho que será tudo muito chato.
Meus amigos relembrarão momentos,
alguns familiares chorarão,
os filhos dirão que me amavam tanto...

Quando eu partir, sei lá,
pode ser que eu mesmo
sinta falta desta vida.

A verdade é que quando eu me for,
seja hoje ou amanhã,
não me acostumarei com o tédio
que deve haver do outro lado de lá.

12.2.12

Diário de um professor VI

É, Diário! Parece que nem tempo para me dedicar a meus prazeres eu tenho tido. Escrever é meu maior prazer, mas nesta semana pouco pude fazer! As aulas começaram em todos os lugares em que trabalho e isso me toma quase todo o tempo que o dia tem.
Recentemente, fiquei abalado com uma proposta de emprego que recebi. Ponderei bastante e, confesso!, até pensei em ir. Mas, ao verificar o que PODERIA SER e o que JÁ SOU, resolvi continuar trabalhando nos moldes que estou.
São tantas as expectativas, tantos alunos entregues a nós, professores, que é difícil não sonhar junto com eles. Nervoso? Claro que fico às vezes. No mais das vezes, porém, fico extremamente empolgado com meus "pupilos".
Espero que esta semana tudo dê ainda mais certo para mim e meus alunos!
Sei que nada me separará deste amor, o amor pela docência!
Boas leituras.

9.2.12

Eu mesmo

Nada do que me disserem,
nada do que me propuserem
fará eu deixar de ser quem eu sou!

7.2.12

Link para estudo

Pessoal do 2° ano, aí está um material para estudo.
Basta acessar o seguinte endereço:
http://www.slideshare.net/professoraste/oraes-subordinadas-substantivas

28.1.12

Etimologia sentimental


O amor,gangrena a eliminar personalidades,
inquieta os que o assumem!
As palavras são adocicadas,
os sonhos parecem aceitáveis
e a vida até mais colorida.
O tempo, porém, senhor nosso,
mostra-nos que amar
é perder-se ante o outro,
é uma renúncia insana
a dizimar o que de fato se é!
O amor e o amar são cognatos,
são egoístas desde a etimologia,
são vocábulos a nos controlarem!

Diário de um professor V

28/01/2012
08:54h

Sábado,dia tranquilo... É realmente preciso aproveitar esse dia para ler e meditar muito. Durante a semana, não há muito tempo para isso.
Minhas aulas de quinta-feira e sexta-feira à noite foram muito produtivas. Não posso negar que a forma com que lido com os alunos ajuda muito. Mas, confesso, a última aula é sempre a mais "apática" na visão dos alunos. A mente quer dar atenção à aula, mas o corpo padece o peso de um dia todo de trabalho! Por isso nem cobro muito dos alunos, apenas o silêncio e a tentativa de aprender algo do que estou passando a eles.
****
Ontem, um aluno me ligou. Ele foi aprovado numa universidade federal, ainda que curse o 2º ano, e quer saber a minha opinião sobre o que ele deve fazer, ou seja, quer que eu diga faça isso ou aquilo. Ele diz que a mãe o quer lá, mas ele não sabe bem como resolver esse imbróglio. Resumindo: a bomba veio explodir em minhas mãos. Até parece que sou um sábio conselheiro grego. Coisas desse tipo, cansam-me ainda mais. Aliás, tudo me pesa no pensar. Qualquer probleminha é suficiente para efervescer meu pensar e me deixar muito, muito preocupado. Sei, porém, que isso logo passa...
Feliz, feliz mesmo fiquei na ontem à tarde. Duas ex-alunas que agora estudam na capital me disseram que sentem saudade de minhas aulas. Gostei muito disso. Afinal, elas agora estudam com "um professor referência" na minha área, mas penso que eu não perco muito para ele não (só na remuneração e na fama)!
Bom, vou tomar um café ali porque preciso ir para a roça.
Cordiais e sinceras saudações a todos.

26.1.12

Diário de um Professor IV

26/01/2012
08:15h

Não devia ser assim, mas o professor é um renunciador de si. Dizem que os médicos "renunciam os finais de semana e as noites de sono em prol do paciente". Não sei não, viu! Quem disse isso talvez não entenda bem a alucinante rotina de um professor. Rotina em que, muitas vezes, nem tempo para dormir com a "cuca fresca" ele tem. Aos finais de semana, prepara aula e corrigi prova. Detalhe agravante: se for professor de Língua Portuguesa então, está literalmente "frito". Tudo que ele vê, quer interpretar, analisar. Aí já pensa em como usar isso nas aulas... Haja trabalho!
Aula mesmo, nesta semana só ministrei na segunda-feira. Dia tranquilo, sem grandes empecilhos. Em alguns alunos, desta nova safra de 2012, já vejo uma certa empatia comigo. Já começam a entender mesmo o meu projeto de trabalho. Tenho, por isso, algumas metas a cumprir. Porém, estou "amarrado" por um Plano de Curso que literalmente "engessa" minhas aulas. Sabedor dessas dificuldades, compartilhei com a minha Coordenadora Pedagógica o meu drama:preciso trabalhar muito conteúdo com os meninos e, para tanto, preciso de liberdade para tal! Sinceramente, confio muito na Coordenadora. Muitos colegas reclamam de seus "superiores hierárquicos". Eu me aproximo deles e neles confio. Só assim conseguirei trabalhar bem!
Desde a última segunda, já estou trabalhando na outra escola também. Reuniões, discussões e planejamentos. Algo novo ocorreu lá: tivemos uma muito boa palestra com uma pedagoga e psicóloga. Muito boa a palestra! O senso do trabalho em equipe foi retomado (espero!). Lembrei de uma frase que criei:
Numa constelação, uma estrela pode brilhar mais. No entanto, só haverá o brilho maior da constelação se todas, em uníssono, perfulgenciarem a parte.
Hoje, às 12h, eu deveria estar num almoço na federal. Porém, meus compromissos aqui me impedem de fazê-lo. Uma pena. Mas, o jogo prossegue.
Terça e quarta à noite, desta semana, aproveitei a "folga temporária na agenda" (outros lugares em que trabalho ainda não iniciaram as suas aulas) e fui com meu filho à quadra, assistir a alguns jogos de futebol. Para falar a verdade, fui para acompanhá-lo. Não tenho mais ânimo para ver "peladeiros" numa amadora partida de futebol. Mas gostei... Gostei de ficar perto do meu filho e poder mostrar a ele que também posso levar "entretenimento" a ele e que não sou só aquele que trabalha, trabalha, trabalha...
Alivio-me quando escrevo.
Saudações e abraços a todos.

22.1.12

Diário de um professor III

* Qualquer semelhança com a realidade é mera casualidade.

22/01/2012

09:50h

Domingo é dia de descanso, certo? Não para um professor de Redação. É difícil estar a par de vários assuntos ao mesmo tempo. Para isso, preciso recorrer a jornais, revistas e a alguns noticiários. Livros? Claro que também os leio. Porém, o domingo é um dia carregado para quem tanta coisa tem a ensinar...
Não posso reclamar (e nem o faria!), porém. Meus dois primeiros dias de aula foram bem proveitosos. Já notei alguns dos alunos que realmente entendem o meu projeto de ensino e que logo estarão muito empolgados para mudarem suas vidas através dos estudos. Ensinar à noite não é fácil. Aliás, penso que em nenhum horário tem sido fácil ser professor. Muitos pais já não acompanham a vida estudantil de seus filhos e o resultado é a celeuma em que se transformaram as escolas. Tudo isso sobrecarrega o professor, que muitas vezes faz o papel de pai, amigo e instrutor de ensino. Alguns não aguentam o fardo. Eu, diferentemente de muitos, faço o que gosto e por isso me empenho tanto.
Numa das salas que entrei nesta semana, percebi a falta de perspectivas de alguns. Porém, sei que logo mudarei esta mentalidade deles. Sonhar é preciso! Acreditar que se pode ter uma vida melhor neste país onde nada parece contribuir para a educação tem se tornado quase uma utopia. Mesmo assim, não posso deixar que meus discípulos desanimem e por isso, em alguns casos, até tenho que contar a minha história de vida (luta, superação, garra, fome...) para que eles vejam que ao pobre também é dado o direito de estudar, vencer e "ser alguém na vida" (ainda que muitos digam: "Ele é só um professor")! Já começo a encher o cântaro de alguns com boas novas...
Ah! Ia me esquecendo... Tenho grandes amizades construídas em sala de aula e o meu relacionamento com os alunos tende sempre ao alto astral (ainda que de vez em quando "pedras" apareçam no caminho). Por essa razão, alguns invejam meu jeito e tentam a todo momento me derrubar. Estou firme, porém! Já sei lidar com isso. Nesta semana, incrivelmente, uma "colega" de trabalho até me chamou de "ESSE HOMEM AÍ". Tudo bem... Entendo o despeito dela. Aliás, ela queria minhas aulas... Mas não as terá! Isso é o que a irrita!
O domingo promete ser muito bom para meus propósitos literários.
Amanhã começo a trabalhar em outro escola. Muitas mudanças prometem surgir lá.
Vamos esperar e ver no que dará tanta expectativa.
Saudações a todos.

19.1.12

Diário de um professor II

19/01/2011 (10:11h)
Ontem, até tentei escrever, mas o ânimo não me veio. Confesso que ruminei isso o dia todo, mas preferi deixar para fazer minhas anotações hoje...
O início do ano é meio cruel para nós. Estamos preocupados com horário de aula, com o número de aulas e com o lugar onde daremos aulas! Há uma tendência ao estresse, mas isso logo passa. Superamos tudo muito naturalmente (parece que a nossa vocação de persistência está sempre conosco!).
Nesta semana, recebi algumas mensagens de celular. Aliás, adoro mensagens desse tipo! Duas delas me incomodaram. Elas eram de alunos que diziam confiar em meu trabalho e que contavam comigo para mais um ano de luta escolar. Claro que gostei da confiança em mim depositada! Porém, isso me deixa ainda mais pressionado a exercer um bom trabalho! Fácil não é, mas tentarei não decepcioná-los! Sinceramente, até gosto deste tipo de pressão. Gosto de trabalhar no limite, pois assim rendo mais e não me acomodo. Este ano, então, há um monte de "aventureiros" querendo tomar o meu lugar. Estão ávidos pela minha queda. Pena que eu não os alegrarei! "Permanecerei firme e forte até a morte".
Esta semana é crucial. Tenho que repassar meus horários para os outros lugares em que trabalho. O problema é que me falta horário. Tenho que arrumar um jeito!
Ministrar tantas aulas é duro. Muitas vezes até me esqueço do meu eu. Parece que vivo ininterruptamente como professor. Cansativo? Sim! Mesmo assim, gosto do que faço. Por isso tanto me entrego ao trabalho. Este ano, porém, quero curtir um pouco mais a minha vida pessoal. Vamos ver no que dá.
Hoje começam as aulas e tenho boas perspectivas para elas.
Até mais a todos.
Saudações de paz e bem!

17.1.12

Diário de um professor

*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.


17/01/2011

Ontem voltamos ao trabalho. Sinceramente, não sei por que voltamos. Quando se reúnem professores, o negócio fica meio sinistro, cabuloso até (como diriam meus alunos). É uma reclamação por aula, por salário, por mais espaço no grupo... Sinceramente, não sei por que voltamos! Até parece que havia perspectivas de melhorar para nós... Esqueceram-se, os meus colegas, de que uma das máximas deste nosso país é não deixar o povo pensar? Esqueceram-se de que professores bem remunerados desempenham magnificamente bem o seu papel e, por isso, passam a questionar o sistema político instaurado até então?... Justamente por essa razão, continuamos ganhando bem menos do que a maioria dos profissionais graduados.
Mas, deixando de lado tanto lamento (visto que eu já esperava que a cena assim se daria!), um fato muito me incomodou ontem. Um amigo meu, também professor, em roda de conversa , exclamou:
- Enquanto o professor ganhar pouco, não terá respeito social. Qual é o respeito que nós temos fora do colégio? Somos tratados como "coitadinhos". Outro dia, numa fila, um aluno me disse que havia saído muito mal numa prova que fizera e que sua nota só dava para fazer para esses cursos mais fracos, algo como os cursos de licenciatura... Fiquei muito nervoso...
Bom, deixando de lado o que disse meu colega de trabalho, vamos ser realistas. O professor nunca ganhou bem no Brasil. Se ganhou, não foi numa época em que me lembro (parem de me criticar aqueles que estão lendo este diário!). Claro que não se pode ter respeito social uma classe que se autodestrói ou se automutila (o que mais vemos são professores falando mal de outros professores). O ideal seria a união (difícil no caso da classe docente). Mesmo assim, há saídas (eu espero esperançoso!).
Agora é esperar para ver quais os desdobramentos deste ano letivo que se inicia.
Enquanto isso, vou registrando aqui minhas impressões...
Saudações a todos.

16.1.12

Como escrever um bom texto?

A leitura sempre foi uma das grandes contribuidoras para aqueles que intentam a construção de um bom texto! Isso é fato. No entanto, nos últimos anos, o que se tem visto foi uma melhora na parte gramatical do texto e uma queda de qualidade nas informações que os alunos compartilham em suas redações. Como se deu isso? Como melhorar isso?
Inicialmente, é preciso que se ressalte a importância de uma boa base para a formação de futuros “redatores excepcionais”. Tendo sido bem ensinado na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, o aluno está a meio caminho de conseguir uma boa produção textual no ensino médio. Claro que o bom ensino das teorias gramaticais, das formas de leitura e das técnicas de redação sozinhas não modelam um “autor excelente”. Ainda assim, são essenciais para que o aluno consiga a base necessária para produzir com autoria e com propriedade textos louváveis.
Por outro lado, alguns alunos são bem instruídos e, quando chegam ao ensino médio, não possuem a base conteudística exigida por alguns temas propostos para a redação. Isso tem gerado redações gramaticalmente bem construídas, estruturalmente bem forjadas e, acreditem!, com pouca abordagem do tema sugerido. Essa é uma falha grave que deve ser construída logo nos primeiros meses do 1º ano do Ensino Médio.
Como, então melhorar a produção textual nos três últimos anos que antecedem a entrada do aluno na universidade? Simples. Primeiramente, é preciso que o aluno esteja atento aos clássicos literários nacionais e a alguns universais. Clássicos não são Best-sellers. Muitos livros bem vendidos pouco ajudarão em temas relevantes das principais universidades brasileiras. O ideal é que o aluno selecione o que irá ler e faça um pequeno projeto de textos afins, o que facilitará a correlação futura que ele poderá estabelecer entre os textos (a chamada intertextualidade). Certamente, muitos se perguntarão sobre quais livros devem ler. Essencialmente, não podem faltar alguns dos nossos grandes autores (Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, José de Alencar, Clarice Lispector, Marina Colasanti, Graciliano Ramos...). Isso não é uma lista cabal e sim uma lista sugestiva ao aluno.
Filmes também ajudam. Assistir a muitos filmes amplia a área de discussão temática dos alunos. Documentários, filmes mais antigos, lançamentos, releituras de filmes já produzidos... Tudo isso ajudará aqueles que querem de fato se tornarem bons redatores e se prepararem bem para os vestibulares e concursos.
As músicas têm o seu papel de relevância também no contexto de formação do bom redator. Ouvir artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Geraldo Vandré, entre outros, ajuda muito na hora da transmissão de conhecimento por parte de quem escreve o texto. Isso ajudará o leitor a perceber a capacidade de correlação que o emissor possui.
Assim, pensando em tudo isso, o emissor conseguirá as habilidades necessárias para construir a “redação nota 10”, tão almejada por todos. Para isso, não há receita e sim um percurso de leitura que o aluno deve trilhar .

15.1.12

Convivência


A convivência:
trivial metamorfoseado
da outrora beleza extremada.
Melodia fúnebre,
latentes, lastimosos lamentos.
O inverno aparece
e traz os badalos tristes,
o transbordar, o barulho do choro...
Lastimosos lamentos latentes.
Tontas tentativas, o tropeço!
Cada queda, cara na pedra.
O poeta percebe:
a certeza dilacerada.
Novamente, a sina:
neve quente,
no endurecido coração mole.

Pesadelo depois do almoço

O amor quando é forte
faz bater o coração
e mesmo estando sem sorte,
sentindo-me perto da morte,
não me deixo cair ao chão.

A mente pensativa
assusta-se, amedrontada.
E numa ação gradativa
e numa manobra ativa
vou atrás da minha amada.

Ao chegar, ela me olha...
Fico sem graça, falo tanto
que meu peito até se molha
e uma lágrima rola
e me vejo logo em pranto.

Rosinha, envergonhada,
vem minha lágrima conter
e pra mim, toda endeusada,
ela, minha querida namorada,
parece nada entender.

Desabafo! A cabeça a doer
faz de mim um flagelado
e num pulo, sem compreender,
digo a Rosinha, sem querer,
que dela não sou mais namorado.

Ela enlouquece, desmaia,
urra, geme, se aborrece
e sem que uma lágrima caia
ela diz ser da gandaia
como se tudo aquilo ela quisesse.

Não entendo nada, perco a razão
e Rosinha insiste, me xingando
dizendo-me horrores, um monte de palavrões
que não me amava de coração
e que já estava quase me largando.

Um namorado ela arrumara
lá pras bandas de Natal.
E desde então para lá rumara
e que até se casara
quando eu trabalhava em Palmital.

Num repente, um homem barbudo
aparece no lugar.
Ele grande, parrudo,
diz já saber de tudo
e que iria me matar.

Saca o revólver,
dá-me um tiro.
Eu finjo não me mover
e sem ele perceber,
do bolso um canivete tiro.

Enfio-lhe o objeto na garganta
e ele desfalece, espumando.
A Rosinha se amedronta...
Digo-lhe impropérios, deixo-a tonta
e dali me vou andando...

O corpo


Essa apatia,
esse corpo vulnerável:
a vida gasta em futilidades.

Para que enrijecê-los?
Flácidos logo estarão
ao chegar o pôr-do-sol.

A adiposidade generalizada
oculta a bela forma,
dos que um dia "foram"
(e não "eram"!)
egocêntricos seres.

O corpo, no anonimato,
vira arma psicológica,
vira ausência,
vira melancolia,
volve ao nada!

Ressalvas

Mudos gritos,
alma flagelada:
o sofrimento em coletivos.
A introspecção:
certeza do ser ímpar.
Amor incógnito,
vida flagelada:
como ser dois
sendo um no âmago?
Perfídia vã...
Intentei alianças:
Minhas agruras são!

20/01/2011

A folha seca roda, roda, rodopia,
contorciona-se ao vento,
dobra e desdobra
ao acaso...

Numa água, ela cai
e perde a autonomia de outrora.

A foz é o súbito destino,
destino de quem intentou
rompes as amarras do caminho.

19/01/2011

Angústia, vieste de onde?
Onde encontraste forças
para tanto assolar?
Onde tua abstração
encontrou a concretude?
Sem respostas, a personificação
parece-me intransponível.

Constatações


"Beleza é fundamental",
já disse o poeta.
Engana-se: a beleza é acidental!
A mais bela das moças
assim o é enquanto não há posse.
Muitas até chegarão ao casamento,
mas, ainda que "belas",
serão trocadas por outra(s)
ainda mais belas.
A relatividade da beleza de hoje
é o tempo até uma no amanhã.
A tênue certeza, então,
dúvida concreta forma:
se há amor na beleza,
na feiúra há o desamor?

22/09/2009

O poeta, mal

Na cela, o poeta.
Marceneiro linguístico,
desempregado.
Cria, copia,
inova, renova...
O artista só.
Só como a saudade,
sozinho como a solidão.
Olha a folha: branca,
alva como a inspiração
(que lhe falta agora!).
Os dedos desliza sobre o papel,
sente-os marcados,
vincados talvez.
Olha no verso,
há sombras de letras.
Mas como?, logo pensa.
Nada escrevera.
Mas há letras!
Letras de um pensar mediúnico,
de uma vocação insana.
E eis a razão do poeta
pensar não ter manchado
a face da frente da folha:
lembranças poeticidas.

Pai e Mãe

K'ien

A vida atormenta
e fere, e estraçalha
o ser poeta.



K'uen

A morte... ferida aberta n'alma.
O sonho... mal essencial à poesia.
A perda... anseio ímpar.


19/07/2010

12.1.12

As ideias se tornam claras

Como não percebi tudo antes?
Como não notei a ambiguidade das ações,
a fragilidade dos ditos,
a superficialidade dos momentos amorosos?

Como não percebi tudo antes?

Agora, resta essa dor,
essa malfadada dor
(que logo passará,é verdade!)
- segundo as leis Darwinianas...

Como não percebi tudo antes,
eu não sei...
Mas agora entendo bem
o que de fato aconteceu.

11.1.12

Adaptação da estória ouvida

Minha mãe havia me presenteado com uma Bíblia Ilustrada. Nem bem lia direito e já era iniciada nos ritos cristãos de crenças sobre o mundo e o Homem. Não entendia a forma como aquele Deus, O Criador, dizimava as nossas perspectivas de liberdade.
Bom, mas vamos lá. A história inicial era sobre a criação do mundo. Meu Deus! Quanto assombro tive naquele dia. Mamãe ia falando e minha imaginação, estilo “Mundo de Bob”, levava-me a conjecturar como Adão e Eva foram punidos, após conhecerem o pecado, perderem a inocência.
As imagens da Bíblia, essas sim me impressionavam!Parecia que algo era incoerente no discurso que mamãe me ajudava a ler. O pobre Adão, com apenas uma folhinha cobrindo o que até hoje nem ouso mencionar; a Eva com aquele ar de “não entendi nada” e uma enorme cobra, bem maior do que as que eu conhecia até então (ela era a verdadeira culpada pela perda da inocência dos dois; “ela era o próprio diabo personificado”, dizia minha mãe)... E Deus, o Todo Poderoso, com raios e trovões amaldiçoando o Homem para sempre. Tive medo. Tive muito medo! Como o próprio Deus haveria de expulsar suas criaturas do Paraíso? Vai entender, né? Perguntar isso para minha mãe, eu não ousava não! Seria tratada como herege ou desrespeitosa com relação aos ditames cristãos...
Anos depois, já era eu adulta... Após uma conversa com uma amiga, daquelas fanáticas evangélicas, disse que duvidava de tudo que a Bíblia dizia. Então, ela despejou uma infinidade de argumentos bíblicos (todos por mim já conhecidos)que me “incriminavam”. Estaria eu duvidando de tudo que Deus criara? Estaria eu destituída do Paraíso? Tive medo! Não consegui dormir! Já pensou se o Deus viesse falar comigo naquela noite e me repreender...Já imaginou se aquela enorme cobra (Que cobra!) me viesse também conduzir ao inferno... Tive medo! Tive muito medo! Preferi não dormir...
No outro dia, à hora do almoço, entre amigos confessei o meu temor. Claro que muitos riram de mim! Porém, contei-lhes o que havia acontecido.
Mas o pior de tudo era imaginar como havia uma dualidade em mim: via um Deus criador do mundo e um Deus terrivelmente malvado....

8.1.12

Mentira

Ela mentiu...
Virtualmente descobri que ela mentiu.
Não matou ninguém com a mentira,
não mudou a história do mundo,
não mudou nem a própria vida,
mas ela mentiu para mim.

Mentiu por conta própria,
mentiu por prazer ou necessidade
(sempre falam que elas mentem!),
mentiu por pura insanidade!

Ela mentiu...

Mentiu e se confundiu...
Perdeu-se em seus labirintos
e as facetas ocultas foram surgindo...

Ela mentiu e não viu
que quem perdeu com isso
foi só ela, foi só ela,não eu!

6.1.12

Frustração

O amor engana, machuca, maltrata até!
Do nada surge, do nada se consolida
e subitamente some.
Some quando o pensamento insistia em perpetuar...
Some quando o sonho parecia virar realidade...
O coração, tristíssimo palhaço, geme
em gemidos inimagináveis!

Triste canto

A música parou, a música parou...
Dos olhos, copiosas lágrimas,
copiosas lágrimas inundaram o ser...
a dor, a dor de perder
quem um dia tanto amor jurou.

Seria o fim...

As luzes se apagaram como no fim da vida...
"Eu te amo"... "Nunca vou te esquecer"...
Palavras que não foram capazes
de perpetuar um amor...
Se há tanto amor, por que a separação?
Se era para sempre, por que o nunca mais?
Incompreensíveis momentos,
doloridas palavras...

4.1.12

Sensação

Vasculho o pensamento,
busco momentos...
Momentos em que Amor, peralta,
flechou o poeta e sua musa.
Vejo os dois, abraçados,
escassos beijos...
Vejo os dois, trêmulos,
assustados talvez.
Vejo os dois: enamorados.
Vejo os dois agora ligados
pela mesma seta que Amor atirara.
Vejo os dois no amor que construíram,
no desejo que concretizaram,
racionalmente eternizando momentos.

2.1.12

Violentas palavras

As palavras feriram, machucaram...
Os sonhos ficaram nublados...
O amor dado não foi suficiente,
não foi suficiente para conter
a violência com que as palavras
foram escritas...
A dor agora gerada
rompe diques,
faz sofrer e...
entristece a quem as recebeu!