24.3.12

O sim

Tanto tento amar
que, tonto, amo tanto.

DIÁRIO DE UM PROFESSOR VIII

Literalmente, o tempo passa. Para todos impreterivelmente, o tempo passa como um raio! Imperceptível a uns (mais dados à displicência), muito azedo a outros (que a cada segundo transcorrido se sentem com um pé no mundo de lá). Não posso dizer que estou alheio à efemeridade, mas não sou tão apegado a essas questões. Mesmo assim, impressiona-me a quantidade cada vez maior de alunos que são filhos de ex-alunos meus. É como se uma geração passasse e eu já estivesse na outra geração (eles passaram e eu fiquei!). Fico pensando como será quando a geração dos netos dos meus primeiros alunos começar a me povoar a sala!...
As aulas andam meio ainda oscilantes. Mas logo tudo se encaixa dentro dos meus propósitos...
Ultimamente, tenho vivido alguns ataques de professores concorrentes (que se acham superiores aos colegas de trabalho). Como "macaco velho não mete a mão em cumbuca", não revido as ofensas e tenho trabalhado dobrado para dar a meus alunos deste ano o que nunca dei aos meus pupilos anteriores: o melhor do melhor de mim!
Nesta semana, algumas falas me chamaram a atenção. Trabalhando alguns poemas em sala de aula, vi o deslumbramento de meus alunos com relação à capacidade linguística de Chico Buarque. Penso até que alguns buscaram músicas do citado cantor/autor quando em casa chegaram. É isso que me motiva a trabalhar mais: a gana pelo conhecimento compartilhado. Um dos alunos até disse: "Esse Chico é mesmo fera!". Pronto, ganhei a semana!
Por outro lado, ontem à noite, em trocas de SMS com uma ex-aluna, li uma frase que não gostei: "Ninguém te conhece aqui em Goiânia". Ela não disse por mal e talvez a frase tenha ganhado tons mais dramáticos pela minha extrema capacidade de interpretação. Mesmo assim, senti-me incomodado. Vi que talvez os tais professores não saibam quem eu sou. Também nem os conheço! São professores ou educadores? Talvez não saibam que a nota de meus alunos está entre as mais altas do Estado, no quesito Redação. Porém, vamos fazer de conta que não me ofendi...
Hoje é sábado e o descanso me chama. Vou ler, montar aulas, corrigir redações.
As expectativas crescem e a responsabilidade aumenta.
Preciso estar atento a tudo.