17.12.11

Divagações

Sem amar, o poeta se esvai,
esvaindo-se em devaneios
e em construções linguísticas.

Ele analisa enunciados,
relê textos virtualmente enviados...

Sem amar, o poeta vira frágil,
fragilizando ainda mais seu ego.

Nessa sina não-torta
(a de amar e ser amado),
o poeta sofre,
sofismando momentos!

11.12.11

Tio Mário

Os pés de frutas ainda estão lá,
as galinhas-de-angola também...
O córrego, os papagaios, tudo está lá.
Até o cavalo-preto está lá!

Procuro o Tio Mário, não está lá.

Cessaram os causos,
terminaram as estórias de brigas,
não mais há o corpo,
agora há sim o mito.

Tio Mário vive nas bocas das pessoas
que outrora com ele conviveram.

A feira

Pessoas empurrando pessoas.
O homem se transforma:
é refém de seu insensato consumismo!

"Olha a água! Olha a água".
"Sacola, quem quer sacola?".
"Sete meias por dez reais".
"Óculos HB original"...

O egoísmo: uma mulher briga
com a outra por uma blusa.

A certeza buscam na incerteza
da ingrata missão de consumir.

O poeta se assusta:
há mais força na compra
do que no amor ao próximo.