2.11.10

Mundos Paralelos


A casa é a mesma,
é o mesmo alpendre,
é a mesma cor amarelada das paredes,
é a mesma jabuticabeira,
é o mesmo curral
(ainda que abandonado).

No pensamento,
o ontem e o hoje se entrelaçam,
viram imagem duplicada.

Entre a casa de ontem
e a casa de hoje,
encontra-se o poeta.

Nesse nem lá, nem cá,
sofre, chora, rememora.

O poeta não quer o presente,
mas também não quer o pretérito.

Como fazer os dois mundos coexistirem?
Como ligar o não ao sim,
o abstrato ao concreto?

Não há respostas.
Há dois mundos que não se misturam,
que se fundem
(surrealmente).

Ler é preciso!


Há algum tempo, tenho-me indagado sobre o real valor da leitura dos clássicos (principalmente para alunos egressos do ensino médio). A resposta é simples: sem a leitura dos "mestres literários" não se chega à compreensão dos mecanismos complexos do idioma. Ler, então, Machado de Assis se torna essencial e imprescindível! Conhecer textos de Drummond, é uma das obrigações iniciais do indivíduo. A partir daí, o aluno conseguirá perceber como diferentes autores moldam e usam o idioma dentro de seus textos.

Agindo assim, ou seja, lendo os clássicos, o discente perceberá como funciona a tal "licença poética", tão bem quista por eles (que não raras vezes perguntam-me onde a podem tirar!). Há diferença entre "erro" e "licença poética". Afinal, quando Chico usa a linguagem coloquial em alguns de seus textos está aderindo à possibilidade de reprodução da língua oral (e musicalizada, no caso). Logo, escrever bem não implica necessariamente escrever CORRETAMENTE.

Assim, vai aqui um recado: quem quiser andar "por mares nunca dantes navegados", precisa ler muito e estar a par dos ditames do idioma.

NOTÍCIAS


A mensagem chega,
intentos se confirmam:
caiu o Muro de Berlim!

Rompem-se os limites,
fixam-se leves toques,
conjecturam-se possiblidades...

Resta, no entanto, o temor:
o temor de ter tanto
sem nada ter,
o temor de perder o concreto
na ânsia do abstrato.