17.11.12

O monstro

Uivos, latidos, gemidos...
Talvez seja tudo isso junto.
Um cão parece pedir socorro...
Ouvem-se chicotadas,
sensação de dor,
latidos incessantes...
Chicotada aqui, chicotada acolá,
chicotada abafada, chicotada certeira...
O cão, sem ação, olhar meio vidrado,
olha para o dono.
O cão não entende, não compreende
a animalização do Homem.

A casa amarela

O lugar é o mesmo,
a casa é a mesma,
as lembranças também.

O cheiro da relva verde,
o cachorro que late altissonante,
o porco triturando um milho roxo...

As lembranças permanecem,
mas na casa não há mais o pai,
a madrasta, os irmãos...

Onde está o caseiro? Morreu!
E a represa onde havia uma jangada?
A represa secou, a jangada se quebrou.

A casa amarela é a mesma...
As lembranças se perpetuaram.

A casa amarela é o passado,
é o presente e será o futuro
de uma lembrança eternamente pretérita.