20.3.16

Solidão

Esse vento gélido,
essa noite apática;
o mundo a descobrir
e o tédio a me corroer.
Quero amar, amar sem medida,
amar no sentido literal,
amar o tudo no nada!
Hoje, porém, negras cinzas,
escuridão, sombras,
tudo me parece trevas!
Há um buraco, um quase caos;
ecos da partida,
ecos da lembrança,
ecos das desgraças passadas.
Falta o tudo,
sobra o nada
neste mosaico de desprezo.

Ferimento

Rasgou-se a pele...
Carnes rubras, dor...
Semicírculo branco,
branco, branc...
branc, vermelho,
branc, vermelho,
bran, vermelho,
br, vermelho,
VERMELHO.

Ardência, vasos sanguíneos.
Oxigênio, endurecimento.
Uma casca mole...
Endurecimento...
Pedras de recifes, casca:
Regeneração.

25/10/2012
A estrela se aproximou da lua,
a lua não gostou, fez-se minguante.

A estrela ganhou destaque,
parecia cintilar mais,
parecia crescer mais,
mas a lua não gostou, fez-se indolente.

A estrela foi vista no céu,
apontaram para ela,
cogitaram a sua queda
(disso a lua gostou!).

12/09/2000

As palavras surgiram assim serenas.
Os lábios pronunciaram
o que já na abstração existia.
Um simples sonho,
paixão iniciada.
Confissão: "Sonhei contigo".
Então, rosto e mão:
Unidade singular de uma carícia.
Partem... Vão embora
os impedimentos de outrora.
Na irrealidade do sonho,
fez-se a materialidade de um amor.

21/05/2013.

Sem você

Sem você,
o mundo é sem graça,
a dor de amor não passa.!

Sem você,
a noite é uma eternidade,
a vida se perde em futilidades.

Sem você,
a pétala sua, desidrata,
a lua escurece, não é de prata.

Sem você,
a razão vira agonia!
Então volte, ó poesia!

(02/09/2009)
A árvore cinquentenária
é o pouso ao moribundo.
Sujo, mescla-se à escória:
é papel sem valor
(logo pensam).
O poeta, porém,
transeunte por essência,
reconhece-se no mendigo.
São seres marginais,
marginais em sua integridade,
marginais em suas existências.

(08/09/2009)