13.11.10

(Des) Construção


O abraço que não tive,
o afeto que me faltou,
fizeram-me assim...

A dor que me assolou,
a maldição que me persegue,
deixaram-me assim...

O beijo que não ganhei,
o afago que não senti,
Transformaram-me assim...

O sorriso que não vi,
o bilhete que não recebi,
foram essenciais para que hoje
eu fosse, assim, tão sentimental!

10.11.10

(Des) Viver


O sol marca a pele,
pintas pretas
(parasitas do ocaso).

Na face, faz-se o tempo,
a deplorável cicatriz,
a carcaça humana.

O riso em lágrimas,
o choro em ampulhetas:
Negra imagem se aproxima.

Não mais foge, não mais!

No menos perpetua lembranças,
revira memórias e se atém,
atém-se à teia que o devora.

(Re) Descoberta


O fardo é a gênese poética:
No pescoço, a dor incomoda;
na mente, as lembranças badalam...

Vasculho mentiras,
analiso enunciados,
revisito momentos.

O beijo não existe.
Abraço fogoso?
Não o há!

Desnorteio-me, embalde...

Minha sina torta:
prenúncio de desilusão.

14/09/2010

9.11.10

Ruínas Circulares


A cena cinza, insensata.
Um homem desce o rio,
rema, repensa, retoma
a memória que (des)conhece.

O lugar a que vai,
é velho, é estranho,
é o Templo do Fogo,
é a casa da sabedoria.

"É preciso sonhar", dizia.

Deitado, esvaía-se,
abstraía-se: sonhava.
Virava, então, deus do homem:
gênese antropocêntrica.

Frustração, porém, logo se fez:
fora também produto
do sonho de outro deus-homem.