O olhar do outro
que não me olha,
que não me nota,
que me ignora,
que me deixa...
Falta alguém ali...
Vejo o sorrriso,
vejo os cabelos brancos,
vejo o corpo concreto.
Falta alguém ali...
Vejo uma cadeira vazia,
vejo uma casa não habitada,
vejo o vazio, a ausência.
Falta alguém ali,
mas haverá sempre alguém aqui,
no pensamento.
Quem é este,
parado aqui,
olhando-me sério?
Quem é este?
Olho-o, examino-o,
assusto-me.
Quem é este,
quão cansados os olhos,
quão seca a pele,
quão duros os cabelos,
quão grosseira a fisionomia...
Quem é este?
Quem é este?
Sou este!
Mas eu não era
assim: sério,
parado,
cansado,
duro
e grosseiro...
Quem sou este?