19.11.10

ESCURIDÃO


No tropel de incertezas,em disparada,
o rancor, a dor, o sofrimento.

O açougue humano se abre:
carnes e moscas se fundem
na putrefação cromática.

Não há sangue, líquido rubro.
Há coágulos de um vermelho-negro,
êmbolos que se multiplicam.
Incontáveis, as bolas pretas coadunadas
povoam o poeta.

18.11.10

Morte


Não conheço a Morte,
mas ela está em mim,
está no meu trajeto,
está no meu peito,
está em meu pai,
esteve em meu avô.

Não conheço a Morte,
mas ela se aproxima
e me mostra a ampulheta,
ampulheta que me diz:
- "Chegará a tua hora!".

Não conheço a Morte,
mas ela me espreita,
delimita meus passos
e me espera ansiosa
(ainda que eu não queira
conhecê-la!).