21.5.10


Preciso, para (Marina Colasanti)

Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carne
cá dentro
para andar sobre as águas
deitar nas ilhas e
olhar de longe esse prédio
essa sala
essa mulher sentada diante do computador
que bebe a branca luz eletrônica
e pensa no mar.

Sorriso (pródigo?)

O sorriso se foi...
Não há razões para sorrir,
não há motivação...

O sorriso se foi...

"Podem rir de mim, então",
diz o poeta.
"Se a graça se forja na desgraça,
que gargalhem às minhas custas".

Sorriso, por que não voltas logo?

20.5.10




"Em vez de as pessoas ouvirem os escritores em busca de respostas sobre o que somos, precisam ouvir umas às outras, porque nós, autores, não somos mais do que meros trabalhadores das palavras e temos limites como todos".
José Saramago

20/05/2010 (23:47h)


Para muitos, o dia já terminou... Para mim, ele não termina, apenas dá uma pausa para dar prosseguimento à trajetória humana.

Não acredito em novos amanheceres, pois eles apenas repetem velhas histórias de fracassos e de desencantos.

Não acredito em "sorte melhor" pois toda sorte é apenas uma negação da capacidade de conquistar por seus próprios méritos.

Não acredito no descanso, porque ele é quem torna este Brasil tão medíocre.

Ainda assim, tenho boas expectativas para o porvir... Veremos o que acontece.

18.5.10


A BICICLETA


Mal havia voltado do Ceará para Goiás e logo fui surpreendido pela notícia de que trabalharia como contínuo em uma empresa de xerografia. O emprego não era dos mais agradáveis e prazerosos. Mas numa época em que o pouco dinheiro era uma grande fortuna (para quem nada tinha!), comecei a pedalar a um salário mínimo ao mês. Aliás, raramente eu chegava a receber tal quantia integralmente. Nem bem acabara o mês e eu já pedia parte do pagamento, no que chamávamos de "vale".

Época difícil...

A bicicleta enfrentava intempéries climáticas e me fazia, cada vez mais, apegar-me a ela. Não, ela não tinha vida. Para mim, no entanto, era como se fosse parte do meu cotidiano. Dela, eu tirava o meu sustento; nela eu concatenava sonhos; nela eu aprendi a valorizar ainda mais a vida.


COTIDIANO

Mesmo cansado, o poeta segue:
há uma vida a construir,
a novos discípulos a instruir!

Mesmo cansado, o poeta agita:
corre para cá, ensina aqui;
foge para acolá, não descansa ali!

O poeta é o dono de sua alma,
mas refém de seu corpo.

18 de maio de 2010 (18:24h)


O dia transcorre sem dificuldades.

Após 10 aulas em pé, sinto-me cansado. No entanto, daqui a pouco terei minhas forças revigoradas (terei mais aulas!) - mesmo que isso pareça um paradoxo!

Esta semana será mesmo recheada de tarefas. Busco forças para superar as dificuldades!

17.5.10


A POESIA


Palavra arrancada da inanimação:

do dicionário brotam as sementes

para a compreensão da vida.


O poeta escolhe, retira, pensa...

Repensa, troca, caduca.

Pronto: a palavra se fez.


O verbo feito, o verso refeito,

a vida que transcorre sem novidades.


Essa vida...

Quanto dela não é poesia!

17 de maio de 2010


Hoje recebi a apreciação de Lívia sobre meus textos. Alegria e confiança: revigorado estou! Ainda bem que a vida é repleta de pessoas maravilhosamente legais!

O cansaço me incomoda, mas eu não desanimo. Cada dia que nasce é uma força que se renova.

Bola pra frente...