26.12.18

BALADINHA

Voz vibrante, vivaz.
Beijo bacana demais.
Nos teus fios louros
estão meus tesouros.

Na tez transpareces
a maciez que me emudece.
No abraço dado, apertado,
faz-me teu refém, aprisionado.

Na partida, teu torto riso
atordoa-me, perco o siso.
Tens o dom de enganar.
Soubeste muito bem me enfeitiçar.

Luciano Byron
(02/01/2016)

5.11.18

Última caçada

Iria trazer algo para o jantar,
teria que ter sorte dessa vez. 

Chegou ao pequizeiro,
subiu, subiu, ficou imóvel,
escondido entre a folhagem.

Passou uma hora....
Passaram duas horas...
Mas o que são horas 
quando se deseja pegar uma caça?

Subitamente, na estrada
(o dia já amanhecia),
ouviu o barulho de bichos,
bichos pequenos se arrastando.

Tremeu. Uma frialdade sentiu.
Mirou na testa. Era uma macaca!
Viu uns macaquinhos ao redor dela,
um preso à cintura dela...

Mirou na testa, pensou em atirar...

Ao olhar para a macaca, 
ela colocou as mãos no peito, 
espremeu os peitos,
gesticulou, olhou para o caçador.

Hipnotizado, com imenso remorso,
sentindo-se o pior homem do mundo,
o homem não atirou, não matou nenhum animal.

Mirou o caminho de casa, 
mirou os bichos, desceu da árvore:
"Essa foi a minha última caçada".

Luciano Byron.

24.7.18

Palavras vazias

As palavras já não são tão fortes quanto antes...
Um "eu te amo" soa como um bom dia,
como um cumprimento assim sem sentimento,
como mero dizer obrigatório.

Sem emoção devida, palavras são apenas
dardos arremessados ao sabor do tempo...


INQUIETAÇÕES

Se disseste que me amas,
como podes esquecer o último beijo?
Como podes não se lembrar da boca
que beijou teus lábios?
Sem reconhecimento,
o amor vira apenas um instante.