29.3.13

Surpresa



As palavras aparecem,
tomam forma,
viram frases, períodos,
parágrafos até.

Há um poema,
há algumas palavras trocadas,
há o início da comunicação.

Pouco sabem um do outro,
mas iniciam a belíssima
tarefa de conviver.

Há empatia entre eles:
gostam de ler,
gostam de escrever,
gostam de conversar.

Há empatia entre eles.

São parecidos,
são co-irmãos,
são almas gêmeas.

Gêmeos nas letras,
gêmeos no agir.

Violência

"Ela estava brincando com a criança",
disse o taxista.

Brincando de matar,
de maltratar,
de enganar um ser tão pequenininho...

"Eu o asfixiei com a toalha",
friamente disse a assassina.

Mais uma criança morta,
cruelmente assassinada,
mais um futuro interrompido
pelos desvios de uma mente,
uma mente criminosa.

Uma falsa mulher
(não acredito que seja mulher
quem tira a vida de uma criança).

Em um quimono azul,
a criança sorria.

Quanta ingenuidade,
quanta pureza,
quanta paz em seu olhar.

Agora, repousarás no céu,
livre desta leviana vida
onde o ter sempre vale mais,
onde o ser quase inexiste.

Vá em paz, criança de Deus.