5.11.18

Última caçada

Iria trazer algo para o jantar,
teria que ter sorte dessa vez. 

Chegou ao pequizeiro,
subiu, subiu, ficou imóvel,
escondido entre a folhagem.

Passou uma hora....
Passaram duas horas...
Mas o que são horas 
quando se deseja pegar uma caça?

Subitamente, na estrada
(o dia já amanhecia),
ouviu o barulho de bichos,
bichos pequenos se arrastando.

Tremeu. Uma frialdade sentiu.
Mirou na testa. Era uma macaca!
Viu uns macaquinhos ao redor dela,
um preso à cintura dela...

Mirou na testa, pensou em atirar...

Ao olhar para a macaca, 
ela colocou as mãos no peito, 
espremeu os peitos,
gesticulou, olhou para o caçador.

Hipnotizado, com imenso remorso,
sentindo-se o pior homem do mundo,
o homem não atirou, não matou nenhum animal.

Mirou o caminho de casa, 
mirou os bichos, desceu da árvore:
"Essa foi a minha última caçada".

Luciano Byron.

2 comentários:

Unknown disse...

Belo poema!

Chellot disse...

Quando a empatia com o animal que está apenas protegendo seus filhotes nos acomete, não ousamos interferir no ciclo de vida deles. Uma poesia para muitos caçadores refletirem.
Visitando seu blog pela primeira vez. Abraços literários.