15.1.12

O poeta, mal

Na cela, o poeta.
Marceneiro linguístico,
desempregado.
Cria, copia,
inova, renova...
O artista só.
Só como a saudade,
sozinho como a solidão.
Olha a folha: branca,
alva como a inspiração
(que lhe falta agora!).
Os dedos desliza sobre o papel,
sente-os marcados,
vincados talvez.
Olha no verso,
há sombras de letras.
Mas como?, logo pensa.
Nada escrevera.
Mas há letras!
Letras de um pensar mediúnico,
de uma vocação insana.
E eis a razão do poeta
pensar não ter manchado
a face da frente da folha:
lembranças poeticidas.

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