15.1.12

Pesadelo depois do almoço

O amor quando é forte
faz bater o coração
e mesmo estando sem sorte,
sentindo-me perto da morte,
não me deixo cair ao chão.

A mente pensativa
assusta-se, amedrontada.
E numa ação gradativa
e numa manobra ativa
vou atrás da minha amada.

Ao chegar, ela me olha...
Fico sem graça, falo tanto
que meu peito até se molha
e uma lágrima rola
e me vejo logo em pranto.

Rosinha, envergonhada,
vem minha lágrima conter
e pra mim, toda endeusada,
ela, minha querida namorada,
parece nada entender.

Desabafo! A cabeça a doer
faz de mim um flagelado
e num pulo, sem compreender,
digo a Rosinha, sem querer,
que dela não sou mais namorado.

Ela enlouquece, desmaia,
urra, geme, se aborrece
e sem que uma lágrima caia
ela diz ser da gandaia
como se tudo aquilo ela quisesse.

Não entendo nada, perco a razão
e Rosinha insiste, me xingando
dizendo-me horrores, um monte de palavrões
que não me amava de coração
e que já estava quase me largando.

Um namorado ela arrumara
lá pras bandas de Natal.
E desde então para lá rumara
e que até se casara
quando eu trabalhava em Palmital.

Num repente, um homem barbudo
aparece no lugar.
Ele grande, parrudo,
diz já saber de tudo
e que iria me matar.

Saca o revólver,
dá-me um tiro.
Eu finjo não me mover
e sem ele perceber,
do bolso um canivete tiro.

Enfio-lhe o objeto na garganta
e ele desfalece, espumando.
A Rosinha se amedronta...
Digo-lhe impropérios, deixo-a tonta
e dali me vou andando...

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